quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Com um pequeno gesto tudo fez sentido.

Eu estava na parada de ônibus à espera do meu bendito Guamá presidente Vargas que sempre tardava a chegar. Meus amigos sempre me falaram que eu sou muito sonhadora e sou mesmo, amo propor histórias pra pessoas aleatórias, suponho que cada rosto tenha um mistério guardado por debaixo dos desgostos do dia-a-dia.

E foi assim que repousando o olhar avistei um casal sentado no banco da praça do operário, em frente do ao terminal rodoviário, um homem de estatura média de cabelos longos e loiros, sem camisa, visivelmente amanhecido fitava uma mulher morena, a mesma procurava não encara-lo, ele gesticulava como se quisesse respostas. O casal em si não foi o que me chamou a atenção, mas, sim a tristeza nos gestos dela. Ela colocava as mãos sob as pernas, fechava o punho e sempre olhava as folhas que caiam das árvores, de alguma maneira as folhas prendiam totalmente a sua atenção. Creio que ela se personificava na folha, como se a sua vida estivesse caindo, caindo..

A moça só esperava que tivesse uma aterrissagem leve e que um novo ciclo começasse com a chegada de uma nova estação. Foi então que ela sorriu e respondeu algo ao rapaz. A expressão dele era um misto de susto/angústia/terror, ele cruzou as pernas, colocou o cabelo atrás da orelha e não disse uma palavra.

Então, com um único gesto tudo adquiriu um completo sentido. Ela levou a sua mão até a barriga e acariciou como quisesse proteger o seu futuro filho(a) do egoísmo do mundo e ele se inclinou colocando a mão sob a dela, suspirou e deu um pequeno sorriso apoiando-a.


Logo vejo uma movimentação na parada, pensei que as pessoas ali tinham captado o que  eu tinha acabado de ver , porém, era apenas o meu bendito Guamá que tinha chego. Só que hoje  eu estava feliz com o atraso dele.